Setor Elétrico tem dificuldade para obter financiamento

Fonte: O Tempo - MG / ECONOMIA

Presidente da Cemig afirma que bancos estão muito expostos às empresas da área.

O acesso das empresas do setor elétrico a financiamentos está restrito pela elevada exposição das carteiras das instituições financeiras ao setor, afirmou ontem o presidente da Cemig, Mauro Borges Lemos.

"O sistema bancário está altamente exposto ao setor elétrico", afirmou Borges, que participou de uma mesa-redonda durante um seminário na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro. "O acesso das empresas a financiamento hoje está bastante restrito pela elevada exposição das carteiras dos bancos", completou. Segundo Borges, o cenário é desafiador, num contexto em que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) restringe seu crédito para atender ao ajuste fiscal. "Temos um problema mais estrutural, num momento em que o BNDES restringiu fortemente o acesso a mecanismos de financiamento de longo prazo", disse o executivo. O presidente da Cemig cobrou atenção na transição para que o setor de in-fraestrutura se adapte a um BNDES menor. "Temos de ter uma nova estrutura de funding para infraestrutura no Brasil, mas e a transição? ", questionou Borges, ressaltando que o sistema financeiro brasileiro "está em desenvolvimento", enquanto o setor de "private equity ainda "está subdesenvolvido". "Como fica o financiamento do setor elétrico nesse momento de transição? No longo prazo, todos estaremos mortos", afirmou Borges. "Falar que isso tem de ser resolvido pelo sistema financeiro privado é profecia. A gente não descobriu ainda a luz no fim do túnel. A questão é como as soluções de mercado podem ser desenvolvidas, dado o subdesenvolvimento das fontes", completou. Em outra palestra no mesmo evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusto Barroso, destacou exatamente esse desafio do setor em buscar financiamento para os projetos, que, em sua opinião, não deve ser garantido exclusivamente pelo BNDES.

"A financiabilidade será onde o Brasil precilight Compra. A Cemig adquiriu a totalidade das ações da Rio Minas Energia (RME) e da Luce Participações na Light, detidas pelo banco BTG Pactual, por R$ 201,96 milhões. A informação é da Light. sar melhorar. E financiabilidade é uma questão de risco. Risco é uma questão de credibilidade, que é uma questão de segurança, previsibilidade, transparência e sinal econômico. Nestes últimos a gente vem trabalhando", disse.

LEILÕES. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse, após a privatização da Celg D, anteontem, que as demais distribuidoras da Eletrobras serão oferecidas ao mercado em breve. "Até 2017 essas empresas serão vendidas, agora estamos discutindo com o BNDES (a metodologia de venda) para capturar melhor o valor delas. A venda ocorrerá até o final de 2017", disse.

Matriz energética: Em defesa de mais hidrelétricas.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Augusta Barroso, defendeu a retomada da construção de usinas hidrelétricas como um meio de aumentara produção de energia coin baixa emissão de carbono. Nos últimos anos, o governo passou a evitar a construção de hidrelétricas, principalmente com grandes reservatórios, por conta dos impactos sociais e ambientais desse tipo de projeto, sobretudo no Norte do país. Mas, à frente da EPE háquatro meses, Barroso indicou a intenção de rever a estratégia para o setor. "O Brasil vai migrar para uma economia de baixo carbono, que vai demandar um respaldo da geração energia) flexível. Essa matriz flexível a gente tem que buscar onde? Eu gostaria muito de buscar nas hidrelétricas". "A batalha das hidrelétricas é a batalha das (energias) renováveis. E nõs vamos buscar essa discussão com a sociedade. Vamos colocar as hidrelétricas de novo no mapa do planejamento para tomar uma decisão pragmática. Vai ser a decisão sem mimimi", acrescentou.

Projetos:

-  A Eletrobras estuda instalação de usinas que somam capacidade de 21 mil megawatts (MW).

- Esses projetos entrariam em operação a partir de 2022. 

- Entre as hidrelétricas que devem contribuir com o aumento da capacidade da Eletrobras está a São Luiz de Tapajós, na região Norte, que acrescentaria 8.000 MW ao sistema.

- O licenciamento ambiental deste projeto, porém, foi arquivado pelo lbama, ao considerar os prejuízos sociais e ambientais que ele provocaria no território indígena Munduruku.