OTC Brasil 2017: the end of the beginning

De 24 a 26 de outubro de 2017 aconteceu no Rio Centro, no Rio de Janeiro a Offshore Technology Conference, OTC. Com um tom otimista, especialmente por causa da proximidade das 2º e 3º rodadas de licitação do pré-sal, que se mostraram exitosas, a feira focou em inovações tecnológicas e eficiência de produção em todas as etapas do sistema produtivo petrolífero com mais de 160 trabalhos técnicos apresentados e discutidos. A FGV Energia esteve presente no evento com a apresentação de dois papers ao longo das sessões técnicas abordando os temas de política industrial e conteúdo local nas áreas de pré-sal e discutindo royalties em tempos de preços voláteis, ambos disponíveis no site: http://fgvenergia.fgv.br/artigos.

As palavras de ordem da conferencia foram dadas pelos líderes do setor: MME e ANP, coadunadas pelas majors presentes como Shell, Total, BP, Repsol, Exxon e, pela primeira vez de forma menos vigorosa, pela Petrobras. Apesar do entusiasmo, os temas tratados não são desconhecidos: como criar uma indústria mais dinâmica, como sobreviver em tempos de lower for long, retomada do esforço exploratório, destraves do setor por parte da legislação, extensão de vida útil de campos, redução dos custos de perfuração, para citar alguns. Na conclusão, as discussões puderam se resumir em três máximas: redução do custo de produção, aumento do fator de recuperação e internacionalização do sistema produtivo.

Adicionalmente, vale destacar a fala do Diretor geral da ANP de que na verdade, no setor, não nos faltam recursos, e sim juízo, em uma referência a enorme janela de oportunidade que perdemos nos últimos anos. Ele destacou também a importância de se revitalizar a exploração onshore e destravar a legislação de forma a atrair fundos de investimentos, como forma de geração de empregos e renda. Adicionalmente, comentou que o fator de recuperação dos reservatórios no Brasil hoje é da ordem de 24%, bastante inferior ao do Mar do Norte e do Golfo do México. Segundo Oddone, a cada 1% de aumento do fator de recuperação em campos maduros, por exemplo, agregam-se 18 bilhões de Reais em investimentos, 2,2 bilhões de barris produzidos e 11 bilhões de reais em royalties arrecadados.

Chamou atenção também a proposta do diretor global de upstream da Shell de que a competição entre a produção em água profunda e a produção a partir de não convencionais é possível. Segundo ele, o portfólio da empresa comporta os dois tipos de plays aos patamares de preços atuais. A Shell possui uma crescente pilha de projetos de águas profundas que levam a 900 mil barris por dia de produção, incluindo o Brasil, com um break even abaixo de 40 dólares. Segundo o diretor, isso é alcançado por meio de reduções significativas nos tempos de perfuração: 40% mais rápidos e 60% mais baratos. O custo de perfuração em shale também caiu: 45% desde 2013. Entretanto, um poço perfurado na Bacia do Permian, nos EUA, por exemplo, é 10 vezes mais barato e produz de 16 a 90% menos que um poço em deep water. Além disso não são necessárias plataformas para a exploração onshore, o que reduz ainda mais o custo de produção. Assim, segundo a empresa, cada negócio encerra características diferentes em termos de recuperação de investimento, produtividade e custos de produção, mas são igualmente bem posicionados no portfólio deles, o que descortina uma miríade de oportunidades para o Brasil.

Como mencionado, a mensagem é de que as transformações proporcionadas pelo setor de óleo e gás em uma economia são inegáveis do ponto de vista de geração de emprego e renda. E essas transformações tem um efeito multiplicador que alcança várias industrias e outras economias afetas. É imperativo que aproveitemos as oportunidades, para congregar todos os setores envolvidos, e aproveitar enquanto os recursos que se está discutindo tem valor. Full steam ahead! Que venha o fim desse início.