Eletrobras ainda estuda Tapajós e planeja 21 GW em UHEs depois de 2022
Fonte: Canal Energia Online
Empresa participa atualmente da implantação de 14 GW em projetos. Expansão hídrica permanece no radar do setor.
Mesmo com seu pedido de licenciamento arquivado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, Recursos Naturais e Renováveis, a hidrelétrica de Tapajós (8.000 MW) não foi totalmente esquecida pelo setor. Nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, em apresentação em seminário da FGV Energia, no Rio de Janeiro (RJ), inseriu a hidrelétrica como projetos em estudos da empresa a serem implantados a partir de 2022. Ferreira Junior incluiu ainda as usinas de Jatobá, Garabi, Panambi e Serra Quebrada, todas de grande porte. Juntas, elas trazem uma potência de 21.000 MW. Até 2022, a estatal deve adicionar ao sistema 14 GW em novos projetos, como as usinas de Belo Monte, Sinop e São Manoel, além de vários parques eólicos.
A necessidade da ampliação de energia firme no sistema não é segredo, uma vez que a presença cada vez mais forte de fontes renováveis vai trazer essa necessidade. Entre UHEs e térmicas, as primeiras levam vantagem por serem mais baratas. Fora da Amazônia, há estudos de potenciais de usinas, mas sem a pujança das que formam o complexo do Tapajós.
A retomada da expansão hidrelétrica vem sendo prometida pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Augusto Barroso, que também participou do seminário. Para ele, a batalha das UHEs deve ser também das renováveis, já que a fonte hídrica permitiu a inserção sustentável das renováveis no país, e pede uma discussão pragmática. "Vamos discutir com a sociedade, vamos colocar as hidrelétricas de novo no mapa do planejamento", adianta. Em caso de insucesso nessa expansão hídrica, ele garante que partirá imediatamente para a outra alternativa de fonte que possa suprir a inserção das renováveis, no caso as térmicas a gás. "Dá para fazer, vamos fazer. Não dá, vamos para a próxima", aponta. Barroso acredita que as UHEs de médio porte são mais fáceis de viabilizar, deixando as da Amazônia em segundo plano.
O pragmatismo na discussão a que o presidente da EPE quer usar para hidrelétricas pode ser a inserção no próximo plano decenal de cenários alternativos caso o futuro não seja conforme o planejado. O PDE é usado como o que vai acontecer no futuro e não apenas como uma referência. "Estamos trabalhando uma análise de cenários alternativos visando informar a sociedade das consequências das diferentes incertezas associadas ao processo", comenta.
Para o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Eduardo Barata, que já ocupou a secretaria-executiva do Ministério de Minas e Energia, a rediscussão em torno da usina de Tapajós é importante. Ele acredita que é necessário um esclarecimento para a sociedade dos benefícios que a usina vai trazer para a região e ao sistema e também mostrar os erros que podem ter ocorridos na implantação de projetos hídricos semelhantes. "Não é razoável desperdiçarmos esse potencial", avisou. Segundo Barata, é melhor implantar o complexo de Tapajós com todas as adequações ambientais do que não ter UHEs e ter que implantar térmicas.
Nesta quinta-feira, 1º de dezembro, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, em apresentação em seminário da FGV Energia, no Rio de Janeiro (RJ), inseriu a hidrelétrica como projetos em estudos da empresa a serem implantados a partir de 2022.