Eletrobras mantém plano de usina com licença recusada

Fonte: Folha de S. Paulo

Estatal afirma que estudos para duas hidrelétricas no rio Tapajõs continuam Aproveitamento do rio por hidrelétricas foi barrado pelo lhama; retomada de projetos não foi explicada NICOLA PAMPLONA DO RIO Embora tenha sido barrado pelo lhama, o aproveitamento hidrelétrico do rio Tapajõs continua nos pianos da Eletrobras para expansão de sua capacidade de geração.

A construção de usinas na região é defendida também pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em palestra no Rio nesta quinta-feira (r), o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, citou duas usinas no rio Tapajõs entre os projetos hidrelétricos que podem agregar capacidade para a empresa a partir de 2022.

O processo de licenciamento do principal projeto no rio, a usina de São Luiz do Tapajõs (Pará), foi arquivado em agosto, sob o argumento de que não trazia soluções para os impactos ambientais que causaria.

Depois disso, autoridades do setor elétrico anunciaram que o governo abandonaria o projeto. Segundo Ferreira, o estoque de projetos para depois de 2022 chega a 21 mil mega-watts (MW), o equivalente a 14% da capacidade instalada no país atualmente. "Depois de 2022 temos vários projetos em estudo. O principal é Tapajós", disse o presidente da Eletrobras. Além de São Luiz do Tapajós, há outro projeto no rio, chamado Jatobá, também citado por Ferreira. Ele deixou o evento sem dar entrevistas e não explicou como os projetos podem ser retomados. São Luiz tem capacidade instalada de 8.000 mega-watts (MW) e é o maior aproveitamento hidrelétrico em estudo no pais. O projeto de Jatobá tem 2300 MW. Havia outras hidrelétricas em estudo para o rio, mas o governo abriu mão dos projetos em uma tentativa de reduzir a resistência à aprovação dos dois primeiros. Também presente no evento na FGV, o presidente do ONS, Luiz Eduardo Barata, defendeu a retomada da usina de São Luiz. "Não é razoável renunciar a esse potencial", afirmou, propondo a reformulação dos estudos para atender às exigências ambientais. 0 presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), LuizAugusto Barroso, porém, foi mais cauteloso. Ele disse que, inicialmente, prefere focar usinas de médio porte fora da região amazônica, para depois voltar a pensar nos grandes projetos na Amazônia. Segundo ele, há ainda potencial a ser explorado em rios da região Centro-Oeste. Barroso defendeu, porém, um debate "sem mimimi" sobre a retomada dos investimentos em grandes hidrelétricas. "Vamos discutir com a sociedade como colocar as hidrelétricas de novo no mapa do planejamento."