Seminário técnico da ANP discute sobre licitações de partilha de produção no pré-sal

Aconteceu no dia 17 de agosto, na Fundação Getúlio Vargas, sob a coordenação da FGV Energia, o seminário técnico da ANP das 2º e 3º Rodadas de Licitações de Partilha de produção no pré-sal. Segundo a ANP (2017), a seleção dessas áreas visa realizar rodadas de licitação sob o regime de partilha de produção, em bacias de elevado potencial de descobertas, com os objetivos de ampliar as reservas e a produção brasileira de petróleo e gás natural, ampliar o conhecimento do polígono do pré-sal, visando promover investimentos no país, dando continuidade à demanda por bens e serviços locais, à geração de empregos e à distribuição de renda.

Na 2º rodada, que acontecerá ao final de outubro, serão licitados blocos com reservatórios que se estendam para áreas adjacentes sob contrato de tax&royalties, visando a individualização da produção: Norte de Carcará (Bloco BM-S-8), Sul de Gato do Mato (S-M-518), Entorno de Sapinhoá e Sudoeste de Tartaruga Verde. Estiveram presentes petroleiras como a Petrobras, PetroGal, Queiroz Galvão, Repsol-Sinopec, BP, Sonangol, Ecopetrol, CNOOC, Exxon, Shell e Total, entre outras. Cada qual com um interesse estratégico diferente: seja expandir suas áreas com a aquisição de áreas adjacentes as que possuem, como é o caso de Petrobras, Repsol e Queiroz Galvão, seja para iniciar a exploração na área, como declararam a Exxon e a Sinopec.

Aparentemente, as áreas de maior destaque e interesse foram Norte de Carcará e Entorno de Sapinhoá. A área denominada Norte de Carcará, encontra-se no prospecto de Carcará na Bacia de Santos. Embora ainda não tenha sido declarada comercial, vem se mostrando como uma área promissora. A parcela do reservatório de petróleo de Carcará que vai a leilão tem cerca de 2,2 bilhões de barris de petróleo in situ. Segundo a Reuters (2017), a Queiroz Galvão declarou sua intenção de participar da 2º Rodada de Licitações sob o modelo de Partilha com interesse especialmente na área adjacente de Carcará (BM-S-8), na qual detém 10% da concessão. De todas as áreas que estarão disponíveis na 2º Rodada, Norte de Carcará terá o maior bônus de assinatura, destacando que o bônus de assinatura é normalmente cobrado inversamente ao risco associado à área. São concessionários hoje do BM-S-8:  Barra Energia Petrogal Brasil, Queiroz Galvão Exploração e Produção, e a operadora Statoil Brasil Óleo e Gás Ltda.

O Entorno de Sapinhoá, na porção central da Bacia de Santos, por exemplo, já tem ampla cobertura de dados sísmicos que inclui áreas em produção, com 34 poços perfurados, sendo 17 produtores, 12 injetores e 6 já abandonados (consócio entre Petrobras, BG e Repsol-Statoil), e um upside exploratório de 350 milhões de barris de petróleo in situ (somente para a área ofertada). Na área já se encontra a Unidade de produção FPSO Cidade de Ilha Bela, e é a segunda área mais produtiva, com 260 mil barris por dia de produção, atrás apenas do Campo de Lula.

O potencial geológico do Brasil é indiscutível, e capaz de atrair diferentes perfis e tamanhos de empresas, gerando empregos, renda, produção e participações governamentais. Mas o país vive uma Crise de Atratividade no seu setor de óleo e gás, que é, em boa medida, resultado de circunstâncias (e más escolhas) locais.

Como mencionamos no nosso Boletim de Conjuntura de junho de 2017, as empresas que permanecem no pais estão com equipes e portfólios reduzidos e de olho nos movimentos do setor. Do ponto de vista estratégico, retomar as atividades exploratórias é praticamente uma nova decisão de entrada no país. Uma decisão a ser tomada com o preço no patamar de 50USD/barril, com concorrência de outros países, e incertezas quanto ao futuro. Para estes próximos certames, o governo acredita que pode ampliar sua arrecadação em pelo menos 7,7 bilhões de reais para reforçar seu caixa. Isso, é claro, se tudo der certo e todas as áreas forem arrematadas. Dependendo da competitividade das concorrências pode ser que o valor seja ainda maior.