Sobre os resultados trimestrais da Petrobras (agosto de 2017): time will tell...
Em seus resultados divulgados hoje, a Petrobras anunciou lucro líquido de R$ 316 milhões no 2º trimestre, o que representou uma queda de 14,6% em relação ao 2º trimestre de 2016 e um recuo de 93% na comparação com o 1º trimestre. Entretanto, trata-se do terceiro trimestre seguido de ganhos. No 1º trimestre, a petroleira tinha registrado lucro de 4,45 bilhões. Em 2016, a Petrobras acumulou prejuízo de R$ 14,8 bilhões, no 3º ano seguido de perdas.
Sem dúvida, a situação financeira melhor da companhia começa a dar algum sinal de fôlego, mas ainda um grande e longo caminho a percorrer. A companhia segue com geração de caixa positivo, mas mesmo assim, sua dívida ainda é 3X o EBITDA dela, o que é muito maior do que a média de qualquer outro tipo de petroleira no mundo.
Mas com o forte exercício em redução de custo em enxugamento de pessoal os custos operacionais que tem ocorrido no último ano, a empresa pode dizer que tem feito seu dever de casa. O custo de perfuração de poços no pré-sal, por exemplo tem caído sobremaneira, em mais de 50% aos custos iniciais quando do início da atividade exploratória na área, o que implica em redução da despesa operacional, pari passu, ao aumento da produção.
O longo caminho a ser percorrido pela estatal, entretanto, converge com situações de transformação da oferta mundial, por exemplo, onde o shale gas norte americano inundou o mercado internacional a partir da redução das importações norte-americanas, o que shiftou a geopolítica mundial de zonas de influência e restabeleceu novos patamares de preços. A parte não outras questões, até algumas relacionadas ao novo posicionamento da demanda, essa abundancia de óleo no mercado fará com que só sobrevivam os produtores mais competitivos.
Entretanto, os cenários de longo prazo da Petrobras e da Agencia Internacional de Energia (EIA, 2017) indicam aumento da demanda energética no Brasil, e o pico de consumo de petróleo brasileiro para depois de 2040. O que representa a manutenção do petróleo da matriz, a importância do setor e a importância da Petrobras.
Fica a questão: o que pode salvar a Petrobras hoje? O Excedente de cessão onerosa? Algum tipo de capitalização de mercado? Ou os desinvestimentos e a abertura propriamente dita do mercado? Time will tell.
Clique aqui e leia a matéria com a entrevista da pesquisadora da FGV Energia, Fernanda Delgado, para a agência de notícias Sputnik.